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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Macacos me mordam!!

O Diploma de Sanitários

1 - hoje lê-se por ai:

José Sócrates considera notícia «ataque pessoal e político»

Antes da tomada de posse dos novos secretários de Estado, o primeiro-ministro, José Sócrates, disse que a «pretensa notícia» do jornal Público de que assinou projectos que não eram seus durante a década de 80 é «um ataque pessoal e político».

Artigo RelacionadoENGENHARIA  Antigo autarca não garante autoria de SócratesAbílio Curto, antigo autarca da Guarda, diz que está em curso uma campanha para denegrir a imagem de SócratesDeclaração de Abílio Curto de Junho de 2007 a dizer que Sócrates mandava muitos projectos a câmara da Guarda

Artigo RelacionadoENGENHARIA  Sócrates assume autoria de projectos

 

2 - ontem lia-se por aí:

Foi um sorridente Mário Lino que, falando na abertura do III congresso do Oeste, chamou a si a condição de engenheiro civil para argumentar em favor da localização do novo aeroporto na Ota. E, para que dúvidas não restassem, interrompeu o discurso escrito, sorriu, e deixou o sublinhado - "engenheiro civil... inscrito na ordem dos Engenheiros". Foi a gargalhada geral na sala, ou não apontassem as palavras do ministro para a polémica em torno da licenciatura de José Sócrates em engenharia - sendo que o primeiro-ministro não está inscrito na Ordem dos Engenheiros.

e ainda:

O PÚBLICO noticiava ainda que a biografia oficial de José Sócrates fora alterada um dia depois do gabinete do primeiro-ministro ter recebido um questionário do PÚBLICO em que se perguntava sobre a utilização do título de “engenheiro civil”, no Portal do Governo. A Ordem dos Engenheiros pronunciara-se contra essa situação, alegando que o curso da Independente não era reconhecido e que José Sócrates não havia feito o exame de acesso à profissão.

Então pergunta o MACACO:

Mas neste país para assinar um projecto não é necessário estar inscrito na ordem? Para se exercer arquitectura, medicina, enfermagem, direito não é preciso estar inscrito na respectiva ordem???

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Chamam-se: Diálogos… pró-fictício.

E são os Cromo da Quinzena / Diálogos… pró-fictício.
Escritos por MMM, em 19-01-2008 01:14 "gamado" do Médico de Família (o jornal pró política do Ministro Pinóni - ou talvez só pró política USF i.e. do Presidente Director-Geral do mesmo jornal e não pró toda a política do mesmo ministro)

Image

ZS – Ó Tó… O que é que se passa, que ninguém consegue perceber o que andas a fazer na Saúde? Todos os dias recebemos queixas de que a malta não entende o que está a acontecer … Até o Presidente da República já veio exigir explicações…

TC – Não sei, chefe. Faço o melhor que posso para explicar as coisas, mas o pessoal não me compreende…

ZS – Ó filho… Olha que às vezes, nem eu te entendo. Por exemplo… O que é que queres dizes quando vens com aquela história da Consulta Aberta nos hospitais, garantida por médicos de família dos centros de saúde… Que tens anunciado como uma excelente alternativa às urgências dos ditos cujos… Encerradas, juras tu, porque não reuniam condições e porque assim se iam libertar médicos de família, necessários às consultas abertas das USF… Que permitem minorar os efeitos do encerramento dos SAP? Safa… Que raio de confusão…

TC – Então… Ó chefe… A coisa embora não pareça, é muito simples. Veja bem: as urgências que a malta encerrou funcionavam com médicos de família dos centros de saúde, o que representava um desperdício de recursos importantes - os médicos de família – que assim eram desviados do local onde de facto fazem falta. Esta mudança permitiu reorganizar os serviços e criar uma consulta aberta que consegue suprir as necessidades que antes eram satisfeitas pela urgência hospitalar e pelos SAP. Ora, como nos hospitais existem mais meios tecnológicos dos que nos centros de saúde, decidimos que esta dita consulta aberta, funcionaria à mesma no hospital. A mim parece-me que isto é de uma limpidez só compatível com a da água do Fastio. O chefe não concorda?

ZS - Espera aí, ó Tó. Então se são os mesmos médicos, no mesmo hospital, a prestar os mesmos serviços… Onde é que está a diferença?

TC – É completamente diferente. O chefe repare: a consulta aberta é um serviço prestado pelo centro de saúde, no âmbito das suas actividades. E aqui é que está o busílis da questão: embora nesta Consulta Aberta que eu agora arranjei, os médicos façam exactamente a mesma coisa que faziam nos SAP, a verdade é que acabam por trabalhar muito mais.

ZS – Ó Tó… Explica lá a coisa por miúdos, que assim não vou lá…

TC – É simples. O chefe veja: antigamente, no tempo do SAP e das urgências nos hospitais, os médicos tinham direito a folgar depois de cumprirem serviço… Na minha Consulta Aberta, não. Faz tudo parte do pacote de serviços do centro de saúde. Por outro lado, nos SAP, quando um médico completava cinquenta anos, a gente deixava de o poder obrigar a fazer urgências. Já com a Consulta Aberta, é obrigado a aceitar o serviço. Como vê, é muito diferente.

ZS – É… De facto é muito diferente… Mas diz-me outra coisa, ó Tó: a malta da Medicina Familiar não defende um conceito completamente diferente do teu sobre o que é uma Consulta Aberta?

TC – Já cá faltava essa… As pessoas têm que compreender que uma coisa é o conceito técnico/científico e outra, completamente diferente, o técnico/político. O chefe sabe bem o que eu quero dizer… Por exemplo, quando o chefe garante que a economia está a crescer… Ou que o desemprego está a baixar… Ou que uma promessa eleitoral é para cumprir…

ZS – É… De facto… Mas diz-me só mais uma coisa, ó Tó: já explicaste isso assim, direitinho, aos sindicatos?

TC – Para quê aborrecê-los com semântica? Só os ia pôr ainda mais mal dispostos… E depois, tenho a certeza que os tipos não iam compreender. Nunca compreendem…

ZS – É… De facto é complicado…

Miguel Múrias Mauritti

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E já que estamos numa de gamanços, aqui vai outro publicado na edição de 25 deste Janeio no Notícias do Douro

Carta Aberta ao Senhor Ministro da Saúde - enviada pela Câmara Municipal do Peso da Régua

"Decorrido menos de um mês após o encerramento do Serviço de Urgência do Hospital D. Luíz I verifica-se, de acordo com o esperado e em tempo útil transmitido a Vossa Excelência, a inadequação e inoperância do sistema instalado para o serviço de urgência/emergência aos utentes daquele Hospital.
De facto a Consulta Aberta associada à Ambulância SIV, não tem dado resposta eficaz, tendo para além disso quotidianamente criado situações que só ainda não resultaram em desfechos mais gravosos para os utentes apenas por uma mera questão de sorte.
Continuamos a pensar que, de facto, a solução para os utentes do Hospital D. Luíz I é a instalação de um Serviço de Urgência Básica, forma adequada de servir as nossas populações com a prestação dos cuidados de saúde que marcam a diferença entre o viver e o morrer, conforme já demonstramos e justificamos claramente no nosso relatório técnico.
Permita-me que o alerte para um conjunto de situações que põem em causa o serviço de atendimento agora instalado, pensando que tal contribuirá para Vossa Excelência reflectir em relação a uma decisão política que tomou, que continuo a considerar errada e muito pouco reflectida.
Tal como refere o comunicado dos Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, também ao Hospital D. Luiz I acorrem pessoas em situação de efectiva urgência, pois continuam a ver naquele espaço com 50 anos de história o local onde encontram o socorro imediato.
Aliado a isto, a distância sempre difícil de vencer para quem está débil física e tantas vezes financeiramente, faz com que ao Hospital D. Luiz I continuem a recorrer aqueles que necessitam de cuidados médicos, sem que no entanto ali seja possível encontrar a resposta que se impõe, pura e simplesmente por força de uma decisão política.
São já muitos os casos de perfeito desnorte nas viaturas de socorro que circulam pela nossa região, em busca do local para onde foram urgentemente mandadas.
Existe inclusivamente um caso ocorrido a 18 de Janeiro, em que a viatura VMER deambulou pelas ruas da cidade do Peso da Régua em busca de uma ambulância com um doente em situação de urgência, que entretanto tinha pelo CODU sido enviada para o cruzamento da A 24 em Nogueira (a cerca de 20Km do Peso da Régua). Isto, note-se, depois de ela própria por lá ter passado vinda de Vila Real. Deste pequeno equívoco, resultou nada mais, nada menos, o facto de o doente ter sido visto por um médico 01h.30 minutos depois da primeira chamada.
Acresce a isto, que considero absolutamente indigno que alguém seja atendido numa ambulância na berma de uma estrada, quando podia e devia ser naturalmente assistido num hospital.
Nada justifica Senhor Ministro, que ao fim de cinco décadas, os nossos cidadãos batam aflitivamente à porta do seu Hospital para serem socorridos, não encontrando ali quem os socorra em situações de urgência. Nada justifica que entre as 00.00 e as 08.00 horas, nem sequer um médico tenha sido por Vossa Excelência previsto para este tipo de situações, ainda que à porta do Hospital se encontre estacionada uma viatura de socorro.
Pode Vossa Excelência pensar ter implementado conforme prometeu às populações as melhores soluções, podendo eu assegurar-lhe que as mesmas se revelam trágica e terrivelmente ineficazes, pois estas não se encontram devidamente enquadradas no contexto social que visam servir. O princípio da satisfação das necessidades mais prementes deve ser a principal preocupação de quem é escolhido para o exercício das responsabilidades públicas.
Não é no entanto também, o que se verifica, quando se implementa um serviço sobrecarregando outro, sem que antes se veja das reais possibilidades de resposta adequada, como é o caso do Centro de Saúde que agora tem a responsabilidade de assegurar os cuidados mais imediatos de saúde, desguarnecendo os seus próprios serviços.
Impõe-se pois, desde já, Senhor Ministro, que seja repensada a solução encontrada e instalada pelo Poder Central para o atendimento na Urgência dos nossos concidadãos, uma vez que esta já se revelou ineficaz passado que é este curto espaço de tempo.

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E porque não há uma sem duas e esta sem três (mesmo fora dos WC) aqui fica a 3ª

Portugal é o paraíso perfeito para Hannibal viver. Ele simboliza a estética do mal. Mas serve os pratos quentes de forma fria. Sorri e mostra uma cultura acima de qualquer suspeita, quando as suas vítimas tombam. Hannibal é o guru de Correia de Campos. Este sorri, como ele, gélido quando dá a notícia a uma localidade que é a próxima vítima da sua política de modernidade.

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sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Apanhados -1

A pedido de várias famílias aqui vão os antecedentes ao post de ontem :


Se quizer acompanhar aqui está o texto:
CHAMADA PARA O 112
(Uma mulher é atendida por uma operadora do CODU minutos antes das 04h00 de anteontem)
Operadora (O): – Emergência médica, bom dia.
Mulher (M): – [imperceptível]
O: – Mais alto, estou a ouvir muito mal.
M: – [imperceptível]
O: – Castedo, Alijó, Bairro de Santo António nº **. Diga-me o número de telefone caso a chamada vá abaixo.
M: – *********
O: – *********. Minha senhora, ouça o que lhe vou dizer. O que se passa aí?(Um irmão de António Moreira toma o lugar da mulher do outro lado da linha)
Irmão (I):– Estou? Estou?
O: – Diga então o telefone daí.
I: - *********.
O: – Pronto, muito bem. Diga-me o que se passa aí.
I: – Podia ligar-me aos bombeiros?
O: – Diga-me o que se passa aí. Para que quer a ambulância?
I: – [imperceptível]
O: – Quer uma ambulância em sua casa?
I: – A vir cá alguém é a guarda [a GNR], não é?
O: – Mas quer a guarda ou a ambulância?
I: – Vale mais a guarda.
O: – Olhe, se é só a autoridade que quer, vai desligar e voltar a ligar 112 e pede autoridade. Se há pessoas feridas, é mais ambulância.
I: – Não, não... Ele morreu.
O: – Morreu?!
I: – Ele deve ter morrido.
O: – E é homem ou mulher?
I: – É um homem.
O: – Com que idade?
I: – Quarenta e nove, mais ou menos.
O: – Quarenta e quantos?
I: – Quarenta e quatro.
O: – Quarenta e quatro anos. Ele já estava doente ou foi agredido?
I: – Ele estava doente.
O: – Doente com quê?
I: – Caiu!
O: – Você é familiar dele?
I: – Sou irmão.
O: – O seu irmão já estava acamado?
I: – Não. Estava em pé e tudo. Foi em casa. Ia a descer as escadas e caiu.
O: – Ao descer as escadas caiu. Foi hoje a queda?
I: – Foi, foi agora de noite.
O: – O senhor disse que ele morreu.
I: – É. Está morto. Deitou muito sangue pela boca.
O: – Mas diga-me uma coisa: isso mesmo agora?
I: – Foi. A minha mãe estava a dormir e deu conta.
O: – Ele não respira?
I: – Não.
O: – Confirme-me a morada.
I: – [imperceptível], Alijó.
O: – Como?
I: – Castedo, Alijó.
O: – O senhor está a dizer que o seu irmão faleceu e está tão calmo. O senhor não está a brincar com o 122, pois não?
I: – Não. Não estamos a brincar. Ouve lá.
O: – Neste momento o seu irmão não se mexe e não respira?
I: – Não, não, não.
O: – Olhe, vai desligar que eu daqui a um bocadinho volto a ligar. Pretendem ambulância e autoridade. É isso?
I: – Sim, sim.
O: – Para que querem a autoridade?
I: – Quer dizer que não se vai tocar nele nem nada. Não é?
O: – O quê?
I: – Não se pode tocar nele.
O: – Fique a aguardar a chegada de ajuda. Boa noite.
(a chamada termina depois de quatro minutos de conversa)

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Apanhados



INEM TENTA ENVIAR BOMBEIROS PARA SOCORRER HOMEM
(Depois duma chamada de emergência, em que a atendedora e os emissores se entenderam mal, a operadora do CODU do INEM telefona para os Bombeiros de Favaios)
(nota: os sorrisos e comentários são normais num profissional que lida com a desgraça dos outros - é uma forma de não entrar em depressão - e à distância, não deve entrar mesmo!)
TRADUÇÃO DO TEXTO
Operadora (O): – Boa noite. É do CODU do INEM. É uma saidinha para Castedo.
Bombeiro de Favaios (BF): – Diga.
O: – Para o Bairro de Santo António, n.º **. Diga-me uma coisa: a VMER de Vila Real é a mais próxima, não é?
BF: – A de Vila Real já está fechada.
O: – Quanto tempo demora a viatura médica?
BF: – Ainda demora até ao Castedo. Vila Real...
O: – Não. De Vila Real a Castedo?
BF: – Ai. De Vila Real a Castedo? Sei lá.Três quartos de hora.
(A operadora do CODU fala com uma médica que se encontra no CODU)
O: – Doutora, a VMER demora três quartos de hora, mas também não tem coiso aberto...
Médica (M): [imperceptível]
O: – Mas que quer que ponha? VMER não disponível?
M: [imperceptível]
(Volta a falar com os Bombeiros de Favaios)
O: – Não há nenhum centro de saúde aberto?
BF: – Não, aqui está fechado.
O: – Vamos mandar a VMER de Vila Real. Isto é um masculino, de 44 anos. Quem nos ligou diz que caiu das escadas, deitou sangue pela boca, parece estar morto.
BF: – Diga. Estou?
O: – Sim. Está-me a ouvir?
BF: – Estou.
O: – Estou. Está-me a ouvir?
BF: – Estou...
O: – Ó meu Deus! Eu estou a ouvir. Está-me a ouvir?
BF: – Diga, diga...
O: – Ouviu o que eu disse até aqui ou não ouvi nada?
BF: – Não ouvi. Desculpe lá, estou a ouvir de telemóvel.
O: – Vou mandar vir a VMER de Vila Real. O senhor caiu pelas escadas. Quem ligou diz que já está morto!.
BF: – Ah!... Pois, e agora o que quer que se faça?
O: – Ficha CODU 32...
BF: – Espere aí, que eu agora não tenho aqui caneta!!!
O: – Eu vou ajudá-lo. Vou passar a VMER de Vila Real para ajudar a chegar ao local. Não desligue. (...) Valha-me Deus, estou lixada.
(A operadora do CODU liga para a médica de serviço à VMER de Vila Real)
Médica da VMER (MV): – Sim?
O: – Olá, doutora. É uma saída, para longe.
MV: – Para onde?
O: – Castedo, Alijó. (risos)
MV: – Ok. O que é?
O: – Um senhor de 44 anos caiu pelas escadas. Deitou sangue pela boca. O contactante diz que ele está morto!
MV: – Morto?
O: – Sim. Diz o irmão.
MV: – Pois, coitadinho.
C: – Mas com uma calma gélida, segundo a minha colega.
MV: – Hummm...
O: – Eu vou passar-lhe os Bombeiros de Favaios para dar uma ajudita.
(A operadora do CODU retoma a conversa com os Bombeiros de Favaios)
O: – Estou, Favaios?
BF: – Estou, estou.
O: – Ajude aqui a viatura médica, se faz favor..
BF: – Sim, sim, ora diga lá então..
O: – Estão em linha, pode falar.
(Bombeiro de Favaios e a médica da VMER de Vila Real falam um com o outro)
MV: – Boa noite.
BF: – Boa noite.
MV: – Boa noite. Podiam dar-nos algumas indicações? Onde é o...
BF: – Como, como?
MV: – Se nos podia dar algumas indicações. Onde é...
BF: – Ora bem. Eu não sei como é que vou explicar. Chega ali a Alijó, vai adiante, ao pé das bombas de gasolina. Há uma rotunda à esquerda. Corta à esquerda, para ir ao Intermarché. E segue sempre em frente para o Castedo. Sempre estrada fora.
MV: – Para onde?
BF: – Para o Castedo.
MV: – OK. Pronto, obrigado.
BF: – E agora, o que faço?
MV: – Diga?!?
BF: – O que faço? É preciso ir lá eu?
MV: – (risos). Ó senhor, nós vamos a caminho.
(A operadora do CODU reentra na chamada telefónica)
O: – Ó, Favaios!
BF: – Diga, diga.
O: – Obviamente é para lá ir a ambulância para iniciar suporte básico de vida. Se estiver em paragem. Digo eu.
BF: – Olhe, mas arranco para lá eu?
O: – ... (risos).
BF: – Estou?
O: – Peço desculpa. Eu estou a falar com uma corporação de bombeiros, não estou?
BF: – Está sim. Mas estou a atender o telemóvel.
O: – Então eu estou a dar-lhe uma saída, e pergunta-me a mim o que vai fazer? Nunca tal me aconteceu.
BF: – Desculpe lá, desculpe lá.
O: – Claro que tem de ir para o local com a ambulância e com o colega.
BF: – Então qual é o número?
O: – 32703.
BF: – Posso desligar, CODU?
O: – Pode, pode.
BF: – Arranco então. Vou já arrancar para lá.
O: – Sim, arranque para lá. Avalia a vítima e, quando tiver dados, dá a informação para cá para o CODU.
BF: – Eu estou sozinho.
O: – Está sozinho?
BF: – Estou.
O: – Então como vai sair uma ambulância sozinha?!.
BF: – Não tenho mais ninguém agora aqui.
O: – Como não tem?
BF: – Então como vou fazer!?!
O: – Espere aí! (dirigindo-se para a médica da VMER) Ó doutora, Favaios está sozinho, não tem mais ninguém... (volta a falar com o bombeiro) Não arranja outro tripulante?
BF: – Quem é que vou arranjar agora?!
O: – Qual é a corporação mais próxima além de vocês?
BF: – Só Alijó.
O: – Quanto tempo para chegar ao local?
BF: – É só ir buscar a ambulância e arrancar!
O: – É só ir buscar a ambulância e arrancar! (risos em fundo)
BF: – Cinco minutos.
O: – Mas quanto tempo demora a chegar ao local?
BF: – Daqui ao local são sete a oito minutos.
O: – Dez minutos. Qual é a corporação mais próxima? É Alijó?
BF: – É Alijó.
O: – Quanto tempo Alijó demora a chegar ao local?
BF: – Mais ou menos a mesma coisa. É pegado.
O: – Então vou mandar Alijó. Vou pedir ajuda, para você ajudá-lo a chegar ao local. (desabafo para alguém que está ao lado) Tu estás a ver? Ele está sozinho. “O que é que eu faço?”, pergunta-me ele.
(A operadora do CODU telefona para os Bombeiros de Alijó)
Bombeiro de Alijó (BA): – Estou sim...
O: – Uma saidinha para Castedo.
BA: – Castedo é Favaios!
O: – Pois é. Mas Favaios está só com um senhor e a ambulância. E a vítima pode estar em paragem respiratória. Vai a viatura médica de Vila Real. Não posso enviar uma ambulância só com uma pessoa para fazer uma emergência médica.
BA: – Aqui também não tenho ninguém.
O: – Não tem aí ninguém.
BA: – Não. Só se chamar...
O: – Então...
BA: – Aqui só fico eu de noite.
O: – Só fica o senhor sozinho de noite na corporação? Então se há um incêndio?
BA: – Tenho de tocar a sirene.
O: – Tem de tocar a sirene. Ó valha-me Deus!
BA: – Minha amiga, não temos meios.
O: – (dirigindo-se à médica da VMER) Ó doutora, Alijó idem idem...
BA: – Mas eu vou chamar um colega meu.
O: – Ó doutora. Eu posso mandar ir o de Favaios e o de Alijó. (dirige-se ao bombeiro) O senhor pode ir?
BA: – Vou chamar o meu colega.
O: – Vai chamar o colega. Pronto, então siga. Vá. Bairro de Santo António. n.º **
BA: – Qual é o número da ficha?
O: – 32706, Sabe onde fica?
BA: – Sei, sei. Vou já ligar.
O: – Pronto, obrigada.
(chamada termina após 9.30 minutos depois das 04h00 de anteontem - numa noite de nevoeiro intenso na região - segundo o Dr Big Boss do INEM)