segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Chamam-se: Diálogos… pró-fictício.

E são os Cromo da Quinzena / Diálogos… pró-fictício.
Escritos por MMM, em 19-01-2008 01:14 "gamado" do Médico de Família (o jornal pró política do Ministro Pinóni - ou talvez só pró política USF i.e. do Presidente Director-Geral do mesmo jornal e não pró toda a política do mesmo ministro)

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ZS – Ó Tó… O que é que se passa, que ninguém consegue perceber o que andas a fazer na Saúde? Todos os dias recebemos queixas de que a malta não entende o que está a acontecer … Até o Presidente da República já veio exigir explicações…

TC – Não sei, chefe. Faço o melhor que posso para explicar as coisas, mas o pessoal não me compreende…

ZS – Ó filho… Olha que às vezes, nem eu te entendo. Por exemplo… O que é que queres dizes quando vens com aquela história da Consulta Aberta nos hospitais, garantida por médicos de família dos centros de saúde… Que tens anunciado como uma excelente alternativa às urgências dos ditos cujos… Encerradas, juras tu, porque não reuniam condições e porque assim se iam libertar médicos de família, necessários às consultas abertas das USF… Que permitem minorar os efeitos do encerramento dos SAP? Safa… Que raio de confusão…

TC – Então… Ó chefe… A coisa embora não pareça, é muito simples. Veja bem: as urgências que a malta encerrou funcionavam com médicos de família dos centros de saúde, o que representava um desperdício de recursos importantes - os médicos de família – que assim eram desviados do local onde de facto fazem falta. Esta mudança permitiu reorganizar os serviços e criar uma consulta aberta que consegue suprir as necessidades que antes eram satisfeitas pela urgência hospitalar e pelos SAP. Ora, como nos hospitais existem mais meios tecnológicos dos que nos centros de saúde, decidimos que esta dita consulta aberta, funcionaria à mesma no hospital. A mim parece-me que isto é de uma limpidez só compatível com a da água do Fastio. O chefe não concorda?

ZS - Espera aí, ó Tó. Então se são os mesmos médicos, no mesmo hospital, a prestar os mesmos serviços… Onde é que está a diferença?

TC – É completamente diferente. O chefe repare: a consulta aberta é um serviço prestado pelo centro de saúde, no âmbito das suas actividades. E aqui é que está o busílis da questão: embora nesta Consulta Aberta que eu agora arranjei, os médicos façam exactamente a mesma coisa que faziam nos SAP, a verdade é que acabam por trabalhar muito mais.

ZS – Ó Tó… Explica lá a coisa por miúdos, que assim não vou lá…

TC – É simples. O chefe veja: antigamente, no tempo do SAP e das urgências nos hospitais, os médicos tinham direito a folgar depois de cumprirem serviço… Na minha Consulta Aberta, não. Faz tudo parte do pacote de serviços do centro de saúde. Por outro lado, nos SAP, quando um médico completava cinquenta anos, a gente deixava de o poder obrigar a fazer urgências. Já com a Consulta Aberta, é obrigado a aceitar o serviço. Como vê, é muito diferente.

ZS – É… De facto é muito diferente… Mas diz-me outra coisa, ó Tó: a malta da Medicina Familiar não defende um conceito completamente diferente do teu sobre o que é uma Consulta Aberta?

TC – Já cá faltava essa… As pessoas têm que compreender que uma coisa é o conceito técnico/científico e outra, completamente diferente, o técnico/político. O chefe sabe bem o que eu quero dizer… Por exemplo, quando o chefe garante que a economia está a crescer… Ou que o desemprego está a baixar… Ou que uma promessa eleitoral é para cumprir…

ZS – É… De facto… Mas diz-me só mais uma coisa, ó Tó: já explicaste isso assim, direitinho, aos sindicatos?

TC – Para quê aborrecê-los com semântica? Só os ia pôr ainda mais mal dispostos… E depois, tenho a certeza que os tipos não iam compreender. Nunca compreendem…

ZS – É… De facto é complicado…

Miguel Múrias Mauritti

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E já que estamos numa de gamanços, aqui vai outro publicado na edição de 25 deste Janeio no Notícias do Douro

Carta Aberta ao Senhor Ministro da Saúde - enviada pela Câmara Municipal do Peso da Régua

"Decorrido menos de um mês após o encerramento do Serviço de Urgência do Hospital D. Luíz I verifica-se, de acordo com o esperado e em tempo útil transmitido a Vossa Excelência, a inadequação e inoperância do sistema instalado para o serviço de urgência/emergência aos utentes daquele Hospital.
De facto a Consulta Aberta associada à Ambulância SIV, não tem dado resposta eficaz, tendo para além disso quotidianamente criado situações que só ainda não resultaram em desfechos mais gravosos para os utentes apenas por uma mera questão de sorte.
Continuamos a pensar que, de facto, a solução para os utentes do Hospital D. Luíz I é a instalação de um Serviço de Urgência Básica, forma adequada de servir as nossas populações com a prestação dos cuidados de saúde que marcam a diferença entre o viver e o morrer, conforme já demonstramos e justificamos claramente no nosso relatório técnico.
Permita-me que o alerte para um conjunto de situações que põem em causa o serviço de atendimento agora instalado, pensando que tal contribuirá para Vossa Excelência reflectir em relação a uma decisão política que tomou, que continuo a considerar errada e muito pouco reflectida.
Tal como refere o comunicado dos Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, também ao Hospital D. Luiz I acorrem pessoas em situação de efectiva urgência, pois continuam a ver naquele espaço com 50 anos de história o local onde encontram o socorro imediato.
Aliado a isto, a distância sempre difícil de vencer para quem está débil física e tantas vezes financeiramente, faz com que ao Hospital D. Luiz I continuem a recorrer aqueles que necessitam de cuidados médicos, sem que no entanto ali seja possível encontrar a resposta que se impõe, pura e simplesmente por força de uma decisão política.
São já muitos os casos de perfeito desnorte nas viaturas de socorro que circulam pela nossa região, em busca do local para onde foram urgentemente mandadas.
Existe inclusivamente um caso ocorrido a 18 de Janeiro, em que a viatura VMER deambulou pelas ruas da cidade do Peso da Régua em busca de uma ambulância com um doente em situação de urgência, que entretanto tinha pelo CODU sido enviada para o cruzamento da A 24 em Nogueira (a cerca de 20Km do Peso da Régua). Isto, note-se, depois de ela própria por lá ter passado vinda de Vila Real. Deste pequeno equívoco, resultou nada mais, nada menos, o facto de o doente ter sido visto por um médico 01h.30 minutos depois da primeira chamada.
Acresce a isto, que considero absolutamente indigno que alguém seja atendido numa ambulância na berma de uma estrada, quando podia e devia ser naturalmente assistido num hospital.
Nada justifica Senhor Ministro, que ao fim de cinco décadas, os nossos cidadãos batam aflitivamente à porta do seu Hospital para serem socorridos, não encontrando ali quem os socorra em situações de urgência. Nada justifica que entre as 00.00 e as 08.00 horas, nem sequer um médico tenha sido por Vossa Excelência previsto para este tipo de situações, ainda que à porta do Hospital se encontre estacionada uma viatura de socorro.
Pode Vossa Excelência pensar ter implementado conforme prometeu às populações as melhores soluções, podendo eu assegurar-lhe que as mesmas se revelam trágica e terrivelmente ineficazes, pois estas não se encontram devidamente enquadradas no contexto social que visam servir. O princípio da satisfação das necessidades mais prementes deve ser a principal preocupação de quem é escolhido para o exercício das responsabilidades públicas.
Não é no entanto também, o que se verifica, quando se implementa um serviço sobrecarregando outro, sem que antes se veja das reais possibilidades de resposta adequada, como é o caso do Centro de Saúde que agora tem a responsabilidade de assegurar os cuidados mais imediatos de saúde, desguarnecendo os seus próprios serviços.
Impõe-se pois, desde já, Senhor Ministro, que seja repensada a solução encontrada e instalada pelo Poder Central para o atendimento na Urgência dos nossos concidadãos, uma vez que esta já se revelou ineficaz passado que é este curto espaço de tempo.

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E porque não há uma sem duas e esta sem três (mesmo fora dos WC) aqui fica a 3ª

Portugal é o paraíso perfeito para Hannibal viver. Ele simboliza a estética do mal. Mas serve os pratos quentes de forma fria. Sorri e mostra uma cultura acima de qualquer suspeita, quando as suas vítimas tombam. Hannibal é o guru de Correia de Campos. Este sorri, como ele, gélido quando dá a notícia a uma localidade que é a próxima vítima da sua política de modernidade.

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