quarta-feira, 26 de março de 2008

Doentes tratados à força!

Título da Notícia:

Doentes tratados à força

" Os profissionais dos centros de saúde e do apoio domiciliário devem ir à procura dos doentes com tuberculose multirresistente que faltem à toma directa dos medicamentos, anunciou ontem a ministra da Saúde, Ana Jorge. " ...... etc

Srª jornalista Cristina Serra - a Srª é n*b* (sim n*b*) se não, não escrevia assim o título de notícia

(25 Março 2008 em Correio da Manhã - Saúde: Tratamento da tuberculose)

sábado, 22 de março de 2008

Ainda lhe chamam nomes!

sgiao2

sexta-feira, 21 de março de 2008

Velha, nova cru(z)cificação







E porque hoje é o dia da poesia e sexta feira santa:



CRUCIFICAÇÃO DA POESIA
“Eram nove horas da manhã quando crucificaram Jesus.
E aí estava uma inscrição, como o motivo da condenação:
Rei dos Judeus.
Com ele, crucificaram dois bandidos, um à direita e outro à esquerda.” (Marcos, 25-26)



Mataram Drumond!!!
Mataram, mataram!!!
Estriparam suas carnes, retiraram-no do barro que guarda seus restos.
Mataram, mataram!
Avisem Vinicius, Carlinhos Lyra...Qualquer um...
Pois eu não faço tanta diferença em saber que mataram a poesia!
O que eu posso fazer, me digam?
A poesia está no hall dos culpados, dos criminosos?
Devo ficar escrevendo essa pandorga pro pessoal cabisbaixo confundir-me com poeta?
Amigos, esqueçam esses meus versos de segunda, pois mataram Drumond!
Procurem um policial fardado sem freios nos braços.
Procurem o velho urso branco do ginásio...
Eu não sou coisa alguma...Sou medíocre..."Mad Iocre"....
Amigos, estão vendo esse orelhão?
Disquem para alguém.
Disquem pra psicanalista pois ficaram loucos e mataram Drumond!
O que eu posso fazer, me digam?
Ressuscitar o poeta?
Ressuscitar sua poesia?
Eu sou qualquer, sou mais um "egoistinha" que sente saudade da amada.
Do "super-homem" estou longe, fogo no gelo...
Ajudem...Avisem...Mataram Drumond!
Qualquer canal que ligamos nessa TV quente é coroa de espinhos na cabeça do poeta.
Cada centavo para o imposto imoral é uma lança enfiada sob o baço do poeta.
Cada amor perdido, cada passo para mais longe da amada, é mais um prego no braço do poeta.
Não consigo escrever, eu choro...
Mataram Drumond e, com a poesia, estou crucificado...
Mataram a poesia e chamaram-na: “criminosa”!
TIAGO TONDINELLI

domingo, 16 de março de 2008

O poder e as massas

A propósito de um mail recebido e que me enviava para http://paulocarvalhoeducacao.wordpress.com/2008/03/09/carta-aberta-ao-sr-emidio-rangel/ 
algumas cogitações:
O que dirá a história deste país?
- que havia 100.000 professores que eram burros e não entendiam meia dúzia de governantes?
- que havia meia dúzia de governantes que eram iluminados mas não faziam entender a bondade das suas vivências?
- que 100.000 professores não foram capazes de explicar aos iluminados governantes as suas razões, frutos da sua experiência?
- que a meia dúzia de governantes, ditatorialmente, destruiram a educação (pelo menos de uma geração)?
- que 100.000 professores não foram capazes de vencer pela democracia?
- que os iluminados governantes só ouviam (ou fingiam ouvir) o povo antes das eleições?
- que os vários iluminados governantes deste país, têm, desde há cerca de duas décadas, OBRIGADO os professores a PASSAR os alunos, mesmo sem terem aquirido os necessários conhecimentos?
- que a democracia portuguesa está a utilizar o termo erradamente?
- que todos os justos pagaram pelos, também todos, pecadores?

Quem irá ser crucificado na história?

Nota: pese embora o Paulo Carvalho diga que não alimenta mais esta guerra, o Emídio Rangel, insiste.

sábado, 15 de março de 2008

Pedras

 

Hoje prefiro umas fotos

 DSC05243

 

DSC05241  

de pedras muito antigas

de ruas muito estreitas

de vida muito actual

segunda-feira, 10 de março de 2008

Porra, Carago

1 - A concentração dos serviços de saúde e a deficiente rede de estradas e transportes torna num calvário a vida de muitos doentes do distrito de Bragança, que perdem em penosas deslocações os benefícios dos tratamentos que recebem cada vez mais longe de casa. A situação é "preocupante e merece reflexão", alerta Berta Nunes, coordenadora da sub-região de Saúde de Bragança, que diz ainda que as distâncias são agravadas pela deficiente rede de estradas e de transportes públicos e estão a "pôr em causa a equidade no acesso aos cuidados de saúde e a penalizar sobretudo os idosos e os mais carenciados".
"O que ganham aqui [em tratamentos] muitas vezes perdem-no no caminho, é um desconforto, mas eu não sei o que fazer", reconhece, em declarações à Lusa o administrador do Centro Hospitalar do Nordeste (CHNE), Fernando Alves.

FICOU COM ALGUMA IDEIA? ENTÃO EXPLIQUE O PONTO SEGUINTE

2 - No distrito de Bragança são oito as urgências dos centros de saúde que devem ser extintas no início do Verão de 2008, e isso terá já sido assumido pela ministra Ana Jorge, que mantém a política de considerar os cuidados primários como sendo prioritários, apostando na criação de Unidades de Saúde Familiar.

domingo, 9 de março de 2008

Sonho e Pesadelo

Luis Pisco, Médico, na abertura do 25.º Encontro Nacional de Clínica Geral:
«O nosso futuro está, quer gostemos ou não, quer queiramos ou não, indissociavelmente ligado ao dos outros profissionais que connosco trabalham.»
E o que dizem / pensam / querem os outros profissionais que com eles trabalham?
E disse mais, dirigindo-se à Srª ministra: os médicos de família estão «inseguros» em relação à sua «verdadeira situação no sistema de Saúde», estão «debaixo de pressão», com o futuro a parecer-lhes «cada vez mais incerto».
E como dizem / pensam / querem os outros profissionais que com eles trabalham?
E também lá esteve a Srª Ministra da Saúde que deixou um recado à sua congénere da Educação, pois no seu discurso afirmou que «ao Governo cabe enquadrar, orientar, facilitar», mas são os médicos que devem ser os «autores e actores» dos projectos.
E o que dizem / pensam / querem os outros profissionais da função pública portuguesa?

 

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Com a devida vénia:

Na sessão de abertura do 25.º Encontro Nacional de Clínica Geral, o presidente eleito da norte-americana WONCA, congénere da APMCG, revelou um sonho que é, simultaneamente, um pesadelo: o de, um dia, serem convidados pelo Governo a «consertar o sistema». Em Portugal, o sonho é uma realidade: a APMCG foi chamada ao poder, através da Unidade de Missão dos Cuidados de Saúde Primários, para fazer a reforma destes, para «consertar o sistema» (e os americanos aguardam com expectativa o resultado); oxalá não venha a transformar-se também em pesadelo.

A inquietação provém de verificarmos que a criação de USF parou e, nas existentes, já alguns se interrogam sobre a bondade de continuar; e de o debate sobre os incentivos financeiros estar gravemente ferido, depois de o SIM ter abandonado as negociações. Até onde poderá a APMCG prosseguir na reforma cuja filosofia inspirou (por oposição à política do então ministro Luís Filipe Pereira, que visava entregar a empresas a gestão dos centros de saúde) se não houver incentivos? A especialidade é maioritariamente constituída por médicos na faixa etária dos 50 anos e superior, a quem se pede que vejam mais doentes e que estejam mais disponíveis – e que deixaram de auferir o pagamento das horas trabalhadas nos SAP nocturnos, na maioria já fechados. Pede-se-lhes, em suma, que trabalhem mais, ganhando o mesmo (e, aqui, pouco sentido faz pensar em incentivos, trata-se de pagar o trabalho suplementar realizado). Nestas circunstâncias, como mobilizar os médicos de família para uma reforma central no programa deste Governo, que a nova ministra da Saúde apoia expressamente e afiança ser para concretizar?

O que se viu no Algarve retrata bem a delicada situação em que se encontra a APMCG. De ano para ano, vai diminuindo o número de profissionais presentes na sessão de abertura do Encontro, de onde estiveram ausentes representantes do SIM e da Ordem dos Médicos. Nem mesmo os que compareciam para discordar apareceram para aquecer o debate. Há um desencanto patente que nos entristece, porque a APMCG merecia mais, no seu 25.º de existência, do que o vulto de um beco sem saída – os tempos não vão de feição para os idealistas, e a reforma, só com estes, porque são poucos, não se fará ou ficará muito aquém das expectativas.
Continuaremos atentos ao desenrolar deste processo, desejando que a APMCG, cuja importante actividade temos seguido desde o início, não venha a ser confrontada com o inêxito de um «conserto» cuja paternidade em boa parte lhe cabe.
TEMPO MEDICINA 1.º CADERNO de 2008.03.10
0812821C22108JPO10T

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A (mu)dança das moscas

Artigo de Teresa Lopes*
Somos invadidos diariamente, nos media, com notícias de problemas na área da Saúde, nomeadamente nas Urgências ou na falta delas, e nas recentes reformas em curso.
Um exemplo da insegurança e revolta latente e patente das populações é o das mortes recentes de dois lactentes em ambulâncias. Segundo o que se pode apurar pelos comunicados, o fecho recente de SAP ou Urgências nas duas localidades não terá interferido no desenlace final, pois em qualquer delas a situação era grave. Contudo, a infeliz coincidência das mortes se terem verificado em ambulâncias a caminho de uma Urgência e as manobras de ressuscitação de uma delas se verificarem à porta de um hospital, onde recentemente foi encerrado o serviço de Urgência, exaltou novamente os ânimos. Nesta altura qualquer explicação, mesmo pertinente, irá ser entendida como mera desculpa.
Uma ideia do pulsar actual dos diversos intervenientes nesta reforma:
Os médicos estão insatisfeitos e muitas vezes com a sensação de estar a trabalhar no arame, sem rede, quer devido à degradação progressiva das condições de trabalho quer à sensação de estarem «ensanduichados» entre a pressão da tutela e dos doentes.
Os doentes estão insatisfeitos e ansiosos, pois assistem ao encerramento de serviços para si essenciais e não entendem as melhorias e os benefícios anunciados com as recentes mudanças.
É necessário referir que, depois de tantos anos de SNS, os doentes ainda não assimilaram as diferenças entre os níveis de cuidados e o seu uso racional, pelo que recorrem, indiscriminadamente, a qualquer deles, consoante a facilidade de acesso e a urgência que atribuem à sua queixa ou pretensão.
Os autarcas, que fizeram as suas promessas em tempo de eleições, estão impotentes para as manter e necessitam de dar resposta à pressão e ansiedade dos seus munícipes. Também para eles é difícil entender todas as razões das recentes mudanças, talvez porque as justificações, actualmente, não fazem um correcto enquadramento de todas as soluções em jogo.
Mas tenho de fazer aqui uma ressalva, visto as soluções não estarem a ser iguais para todos — em princípio, todos autarcas são iguais, mas será que alguns não serão mais iguais do que outros?
Como remédio para todos os problemas detectados devido às reformas e encerramentos recentes, os srs. ministros prometem USF e SIV. Estarão realmente convencidos de que a solução seja tão fácil?
Contudo, a reforma dos cuidados de saúde primários, em que uma das vertentes engloba as USF, e necessária à correcta implementação da reforma das Urgências, tem avançado muito lentamente, tardando a produzir os desejados efeitos.
Sobre as SIV já muito se disse. E as USF, o que trazem de novo para os doentes?
Será que estes já interiorizaram, porque as sentiram, as diferenças como uma mais-valia para as suas necessidades ou para os seus desejos/«direitos»?
Em relação aos médicos, este modelo inovador, em que se privilegia a auto-organização recorrendo-se a profissionais motivados, mesmo que por motivos diferentes, e pela autonomia funcional prometida e há muito desejada, gera um desafio estimulante e, quiçá, compensador.
Mas uma solução, embora considerada boa, estando ainda em embrião e não sendo reprodutível a todos os profissionais, não originará certamente uma mudança consistente e concertada, não constituindo, para já, uma alternativa sustentada e uma resposta a todas as situações agudas.

Publicidade enganosa

Constitui publicidade enganosa que as USF possam dar um médico a todos os portugueses. Até agora, para novos ficheiros sem médico a que as USF já organizadas deram médico de família, fizeram-no essencialmente à custa de novos médicos injectados e deslocados de outros centros de saúde, onde eventualmente ficaram outros doentes sem médico, e não à custa do aumento substancial dos ficheiros já existentes.
As outras unidades de saúde/centros de saúde que, pelo número existente e abrangência de horas de funcionamento, constituem ainda o cerne dos cuidados de saúde primários, continuam sendo os parentes pobres da nova organização — sem a autonomia funcional das USF e dependendo das ARS para qualquer reorganização pretendida, sem grandes possibilidades de melhoramentos nos casos de condições físicas degradadas, visto as verbas disponíveis estarem quase exclusivamente canalizadas para as USF e sua instalação, com constrangimentos na contratação do pessoal necessário a um correcto funcionamento por contenção nos novos contratos.
Mas, e apesar das condições óptimas de organização, o que fazem de diferente as USF?
Uma certeza não pode ser negada. Devido ao seu modo de formação, na generalidade os profissionais estão mais motivados — melhores condições físicas e pessoal em quantidade óptima para um melhor funcionamento e metas a atingir, obrigatoriamente.
Apesar das diferenças, qualquer dos dois tipos de organização presta cuidados globais e continuados a uma população organizada em listas — actividades preventivas, de promoção da saúde e prevenção da doença, cuidados a grupos vulneráveis e de risco, diagnóstico e seguimento de doenças intercorrentes, domicílios, actividades de educação para a saúde, participação em programas de formação pré e pós-graduada e em trabalhos de investigação.
Além das consultas programadas, fazem a gestão de cuidados na doença aguda, não programada.
Segundo a MCSP, em comunicado sobre consulta aberta, os cuidados na doença aguda são prestados na «consulta aberta da USF», que se define como “período de consulta com marcação presencial ou telefónica, só no próprio dia, para garantir a intersubstituição. Poderá não existir como período autónomo se a USF assumir a intersubstituição nos períodos personalizados de consulta individual».
Na prática, as USF têm um misto destas duas soluções — períodos em que os médicos fazem a gestão da doença aguda no seu horário de consulta personalizada e períodos em que, intersubstituindo-se, organizam uma escala em que um dos médicos da unidade atende os casos que ocorrem sem programação prévia.

Qual a diferença?

Então, o que tem de diferente esta organização das chamadas consultas abertas, complementares, de recurso, de apoio, de reforço, etc., dos centros de saúde (CS), em que cada unidade de saúde se organiza para consultar/orientar cada doente sem consulta programada, durante o período de funcionamento do CS, quer na gestão individual do seu horário quer em escala organizada entre todos os médicos?
Consoante as necessidades e especificidades de cada caso, essa consulta estará em funcionamento durante todo o período de funcionamento do CS ou só em parte.
Se bem analisarmos, é muito capaz de ser a mesma coisa…
Até há pouco tempo, nos CS distantes de um serviço de Urgência existiam os SAP — «serviços dos centros de saúde destinados ao atendimento de utentes em situação de urgência e ao seu encaminhamento para os cuidados de saúde secundários, quando necessário». Funcionavam em horário preestabelecido, durante 24 horas ou em período inferior. Tiveram ao longo do tempo e consoante o local, diferentes designações — SAP, SASU, CAP, CATUS, SADU, etc.
Com o tempo, estes serviços foram-se desvirtuando, multiplicaram-se e foram retirando profissionais das suas actividades regulares, pelas horas a disponibilizar para a sua manutenção. Assim, a actividade normal e programada do médico de família foi-se reduzindo, diminuindo a acessibilidade à consulta, o que levou a maior consumismo no SAP, mesmo em situações não urgentes. Apesar de, ao contrário das afirmações do ministro da Saúde, a seguir às noites os médicos continuarem o trabalho normal no seu ficheiro.
No processo de requalificação das Urgências, a comissão técnica de apoio, que não avaliou os SAP por não fazerem parte da rede de Urgências, alertou para «muitas outras situações agudas, ou seja, de aparecimento recente, que não sendo urgências ou emergências, carecem de solução rápida (no mesmo dia ou em horas)», em consulta aberta para situações não programadas, a cargo dos CSP.
Quando ao Ministério da Saúde interessou que os SAP passassem a ter uma conotação negativa e a ser «um serviço perigoso para a saúde ou vida dos doentes», e com a justificação, louvável, não fora demagógica como se verá mais tarde, de recentrar o médico de família no seu ficheiro, iniciou-se o seu encerramento indiscriminado. Mas primeiro houve o cuidado de «criar novos serviços que fizessem a mesma coisa, mas com nome diferente». Assim nasceram as consultas de atendimento complementar com alargamento de horário do CS, após as 20 horas. Mais recentemente nasceu a CAC, consulta de agudos complementar, nos hospitais onde antes havia serviço de Urgência, e não foram contemplados com serviços de Urgência básica, a cargo do CS, com pessoal do CS e organização do mesmo CS.
Tal como os anteriores SAP, até às 20 horas funciona com horas retiradas ao horário normal de cada médico e das 20 às 24 horas e fins-de-semana em horas extraordinárias, com folgas na semana seguinte, o que agrava o funcionamento normal do CS, novamente com diminuição da acessibilidade à consulta programada.
Mas então os SAP não foram encerrados? Alguém me explica, como se eu fosse muito burra, onde está a diferença, para além da poupança nas horas nocturnas?
Sejamos honestos, ou é uma consulta do CS para gestão de doença aguda e deve ser efectuada no CS, com organização e em horário de funcionamento do CS, como o preconizado para as USF, ou não é, pelo que deverá ser efectuada nos serviços de Urgência básica (em instalações do CS, hospital ou outras), podendo, também em complementaridade, ser assegurada com recurso a médicos do CS, mas sempre em horas extraordinárias, sem interferir com o normal funcionamento da consulta regular do ficheiro.

Explicações ambíguas e demagógicas

Contudo era necessário, ao encerrar SAP e Urgências, contentar artificialmente alguns políticos e populações, e daí o recurso a explicações ambíguas e demagógicas e à abertura de serviços aparentemente idênticos mas, claro, com outra designação, não explicando o tipo de consulta/cuidados que, efectivamente, vai ser efectuado. Os doentes ainda não perceberam as regras do jogo e continuam a não saber utilizar os serviços consoante as situações e o seu grau de urgência.
Mas depressa irão constatar que CAC não é o mesmo que SAP e muito menos SUB, que as consultas no seu médico serão mais difíceis e que os recursos médicos são cada vez mais limitados, visto que nos CS onde existem USF, os médicos que as integram não são obrigados ao serviço de CAC ou similar.
Logo aqui vai notar-se a diferença na acessibilidade à consulta, visto os médicos do CS não poderem recusar-se a integrar a escala da CAC…
Num exercício teórico e fazendo futurismo se, por exemplo, no Centro de Saúde de Cantanhede todos os médicos se organizarem em USF, não haverá médicos disponíveis para o CAC e ele terá de encerrar ou, então, haverá necessidade de contratar médicos de outros CS sem USF ou indiferenciados e, então, teremos CAC do CS de Cantanhede, sem profissionais do CS…
Torna-se imperioso que todas as reformas em curso – CSP, Urgências e cuidados continuados, necessárias e urgentes, sejam implementadas harmonicamente, consistentemente, sem decisões avulsas e puramente políticas que desvirtuem os objectivos iniciais.
E não tentemos iludir profissionais e populações com soluções alternativas que mais não são que os mesmos serviços com outras roupagens e, por vezes, menos condições que os anteriores, até pela desmotivação dos profissionais, contrariados, envolvidos.
Estas soluções fazem-me lembrar um artigo que li recentemente sobre moscas.
Fiquei a saber que as moscas são um insecto muito comum em áreas urbanas e rurais, contudo algumas nem sempre adaptadas a processos de urbanização.
Têm diversos nomes e diferentes cores e formas, consoante a sua função — mosca negra dos citrinos, mosca branca, mosca do figo, mosca do chifre, mosca da banana, mosca doméstica, mosca varejeira azul, tsé-tsé, etc.
Mas, no fundo, quase todas elas fazem a mesma coisa — hospedeiras de agentes patogénicos, provocam estragos e doenças nas plantas e animais onde poisam ou picam.
Mas, cuidado, não pensemos que todas são daninhas, pois algumas são benéficas e utilizadas como animais experimentais para estudos genéticos e como agentes de controlo biológico de plantas daninhas ou de insectos pragas.
Aprendemos sempre, pensadores, gestores e intervenientes no terreno, desde que com espírito aberto, e eu aprendi que há moscas úteis. Mas, para não ser tentada a matá-las todas, necessito que me expliquem as diferenças…
Não deixemos que as alterações confirmem o ditado: «Mudam as moscas, mas…»
As recentes substituições de serviços, em que praticamente só o nome muda, enquanto o conteúdo e função se mantêm, fazem-me lembrar as moscas — muda só o nome, mas…

Porquê mudar só por mudar?

Se o anterior era mau, se era prejudicial para um SNS que se quer melhor, mais eficaz, eficiente, humanizado, produtivo, porquê mudar só por mudar, para deixar tudo praticamente igual?
Nenhuma destas medidas avulsas resolve todos os problemas de doença aguda durante as 24 horas por dia e as USF apenas as resolvem durante o seu horário de funcionamento, tal como as outras unidades de saúde, não sendo solução para todos os problemas, como nos querem fazer acreditar.
Enquanto não for criada e bem divulgada uma verdadeira rede de Urgências e de emergência pré-hospitalar, os problemas e revoltas não acabarão.
As mudanças são necessárias, todos o sentimos, governantes, população, profissionais.
Mas também todos sentimos que «para pior já basta assim».
Cabe-nos demonstrar que somos capazes de nos organizar, de lutar pelos nossos direitos e por melhores condições de trabalho, e, a bem dos doentes que servimos, melhorar a nossa acessibilidade e as nossas metas, vencendo a demagogia reinante, não nos deixando desunir, porque a união faz a força…
Não resisto a relembrar a todos os «gestores», nos mais diversos escalões, que os lugares de nomeação são sempre a prazo. Mais cedo ou mais tarde, todos voltam ao local de origem e à situação de obedecer, mesmo a ordens em que não acreditam. Os trabalhadores, esses, permanecem e vêem-nos passar…
Para finalizar, e parafraseando um político respeitado, apetece-me dizer: «Deixem-nos trabalhar…»
*Membro do Conselho Regional do Centro da Ordem dos Médicos
Subtítulos da responsabilidade da Redacção
TEMPO MEDICINA 1.º CADERNO de 2008.03.10
0812821C20108JMA04A
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Nota: estes artugos que com a devida vénia copiamos do Jornal Tempo Medicina, ficam aqui, não vá o vento fazer-nos esquecer certos pensamentos, vivências, constactações, tristezas, ranger de dentes, etc

quinta-feira, 6 de março de 2008

Não vá o diabo esquecer-se

O Governo nega que o novo estatuto disciplinar da função pública estipule que os funcionários possam ser despedidos após duas avaliações de desempenho negativas consecutivas. Entre uma fase e a outra, vão muitas etapas que protegem os direitos do funcionário.

«Antes de mais, é importante esclarecer que não é verdade que duas avaliações negativas consecutivas dêem automaticamente lugar a despedimento», disse o ministro Teixeira dos Santos.

Uma avaliação negativa obriga a formação adequada.
Violação do dever de zelo só dá despedimento se a culpa for do funcionário
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Os meus PARABÉNS:
"Francisco Ramos disse que o total de inscritos para cirurgia no universos das entidades públicas empresariais (EPE) e dos maiores hospitais do sector público administrativo (SPA) do Centro decresceu de 78.676 para 55.733 entre 2005 e 2007."

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Ele há coisas por esse mundo fora!

segunda-feira, 3 de março de 2008

Março, grande Março

Março vai ser a partir deste ano o Mês Europeu do Cancro Colo-Rectal, numa iniciativa promovida pela Europacolon Internacional, uma associação europeia que visa informar e sensibilizar para a prevenção e rastreio desta doença.

Em Portugal estima-se que existam mais de 4.000 novos casos por ano, sendo que aproximadamente 25% apresentam já doença metastizada aquando do diagnóstico, e que cerca de metade evoluirão para doença metastizada. Estima-se que apenas 3 em cada 100 pessoas com cancro colo-rectal metastizado sobreviva por mais de 5 anos.

A Europacolon-Portugal (Linha de atendimento a doentes com Cancro do Intestino (808 200 199) vai organizar, em conjunto com a Assembleia da República, uma acção de sensibilização junto dos deputados e colaboradores desta entidade.

O cancro do cólon e do recto é uma doença tratável e curável.
O tratamento pode assumir diversas formas, incluindo a cirurgia, radioterapia e quimioterapia. Após tratamento inicial, os doentes deverão ser seguidos para assegurar a identificação de nova doença ou doença persistente, por forma a possibilitar tratamento adicional atempadamente. A identificação e tratamento precoces dá a melhor possibilidade de uma cura de longo prazo e uma vida activa produtiva. (mais aqui: Associação Portuguesa de Ostomizados)

Este também está interessante.

 

 

 

 

 

 

 

Um estudo apresentado durante a XXI Reunião Anual do Núcleo de Gastrenterologia dos Hospitais Distritais (NGHD) revelou que numa população de cerca de 1350 indivíduos assintomáticos, mais de 8% apresentavam cancro do cólon ou pólipos de risco com tamanho superior a 1 cm.
Estes dados reafirmam a necessidade da população com mais de 50 anos, ainda que sem queixas, efectuar o rastreio do Cancro Colo-Rectal por colonoscopia, não só na perspectiva da detecção em fase precoce, mas também pela possibilidade de diagnosticar as lesões pré-malignas, denominadas pólipos. (aqui)

E que tal uma voltinha por coisas mais profundas? Em Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia tem esta e outras matérias. PREVINA-SE

Se se prevenir vai durar muitos anos e poderá subscrever, através da internet, o Regime Público de Capitalização (RPC), mais conhecido como o PPR do Estado. Leia aqui, talvez lhe interesse (os bancos parece que não gostaram!)

domingo, 2 de março de 2008

Fui ao Goran Bregovic

A este no CCVF no dia 01 deste Março

Goran

Gostava de vos deixar aqui uma alta fidelidade, mas...
fiquem com um som e uma imagem assim-assim,
mas que dá para meter raiva.