Kaskalsasnamão
Sócrates chama a si processo do encerramento das urgências
24.02.2007 - 10h32 Margarida Gomes, Filomena Fontes
O primeiro-ministro, José Sócrates, decidiu chamar a si a condução política do processo de encerramento dos serviços de urgência, tentando extinguir o rastilho que o ministro da Saúde, Correia de Campos, ateou quando, esta semana, acusou os autarcas de estarem a contribuir para a fúria das populações.
Ontem, Sócrates esteve reunido, durante toda a manhã, com Correia de Campos, acertando uma estratégia que tem um objectivo óbvio: pacificação. À tarde, o ministro reuniu-se com os presidentes das administrações regionais de saúde.
Hoje, em Lisboa, alguns dos presidentes de câmara dos 15 concelhos incluídos no estudo técnico que prevê o encerramento de serviços de urgência deverão assinar protocolos de cooperação com o Ministério da Saúde. Nestes é definida (caso a caso) a rede de assistência de saúde pública e são estabelecidas contrapartidas.
Estas novas regras, que resultam de um despacho pessoal do ministro da Saúde, podem passar pelo reforço de alguns meios técnicos e de apoio ao transporte de doentes, alargamento de horários nos serviços de atendimento permanente (SAP) e a eventual manutenção do actual número de médicos. Tudo para contrariar a ideia de que as populações podem perder serviços ou condições de assistência neste processo de reestruturação.
À hora do fecho desta edição, não era ainda conhecido o número exacto de municípios que estavam dispostos a comprometer-se com um protocolo, sendo seguro, no entanto, que a taskforce que Sócrates organizou para responder à crise se empenhava em captar para esta solução o maior número possível de autarcas, não apenas do PS mas também do PSD.
Ao que o PÚBLICO apurou, ao fim da tarde de ontem, as câmaras de Fafe e Santo Tirso, ambas de maioria socialista, teriam já aceite os termos do protocolo, mas havia outras, como Peso da Régua, liderada pelo social-democrata Nuno Gonçalves, que adiavam uma posição para a próxima segunda-feira. Discordando da reestruturação revelada pelo Governo, o presidente da Câmara da Régua disse ao PÚBLICO que será apresentada uma contraproposta, depois de ser sufragada em reunião do executivo.
“A proposta do ministério é uma forma de mascarar o encerramento do serviço de urgência”, justificou o autarca, rejeitando a possibilidade de a urgência hospitalar vir a funcionar com médicos de família dos centros de saúde, entre as 9h00 e as 24h00.
Mais reservado se mostrou Beraldino Pinto, o social-democrata que preside à Câmara de Macedo de Cavaleiros. Contestando o relatório técnico, o autarca garante que está aberto a conversações com o Ministério da Saúde e não fala das eventuais contrapartidas que Correia de Campos lhe terá apresentado.
24.02.2007 - 10h32 Margarida Gomes, Filomena Fontes
O primeiro-ministro, José Sócrates, decidiu chamar a si a condução política do processo de encerramento dos serviços de urgência, tentando extinguir o rastilho que o ministro da Saúde, Correia de Campos, ateou quando, esta semana, acusou os autarcas de estarem a contribuir para a fúria das populações.
Ontem, Sócrates esteve reunido, durante toda a manhã, com Correia de Campos, acertando uma estratégia que tem um objectivo óbvio: pacificação. À tarde, o ministro reuniu-se com os presidentes das administrações regionais de saúde.
Hoje, em Lisboa, alguns dos presidentes de câmara dos 15 concelhos incluídos no estudo técnico que prevê o encerramento de serviços de urgência deverão assinar protocolos de cooperação com o Ministério da Saúde. Nestes é definida (caso a caso) a rede de assistência de saúde pública e são estabelecidas contrapartidas.
Estas novas regras, que resultam de um despacho pessoal do ministro da Saúde, podem passar pelo reforço de alguns meios técnicos e de apoio ao transporte de doentes, alargamento de horários nos serviços de atendimento permanente (SAP) e a eventual manutenção do actual número de médicos. Tudo para contrariar a ideia de que as populações podem perder serviços ou condições de assistência neste processo de reestruturação.
À hora do fecho desta edição, não era ainda conhecido o número exacto de municípios que estavam dispostos a comprometer-se com um protocolo, sendo seguro, no entanto, que a taskforce que Sócrates organizou para responder à crise se empenhava em captar para esta solução o maior número possível de autarcas, não apenas do PS mas também do PSD.
Ao que o PÚBLICO apurou, ao fim da tarde de ontem, as câmaras de Fafe e Santo Tirso, ambas de maioria socialista, teriam já aceite os termos do protocolo, mas havia outras, como Peso da Régua, liderada pelo social-democrata Nuno Gonçalves, que adiavam uma posição para a próxima segunda-feira. Discordando da reestruturação revelada pelo Governo, o presidente da Câmara da Régua disse ao PÚBLICO que será apresentada uma contraproposta, depois de ser sufragada em reunião do executivo.
“A proposta do ministério é uma forma de mascarar o encerramento do serviço de urgência”, justificou o autarca, rejeitando a possibilidade de a urgência hospitalar vir a funcionar com médicos de família dos centros de saúde, entre as 9h00 e as 24h00.
Mais reservado se mostrou Beraldino Pinto, o social-democrata que preside à Câmara de Macedo de Cavaleiros. Contestando o relatório técnico, o autarca garante que está aberto a conversações com o Ministério da Saúde e não fala das eventuais contrapartidas que Correia de Campos lhe terá apresentado.
Sinal vermelho em S. Bento
Com o país na rua a protestar contra o encerramento de urgências e a controversa prestação de Correia de Campos nas televisões, logo após as manifestações de Valença e de Chaves, quando acusou os autarcas de estarem a contribuir para o alarme popular, o sinal vermelho acendeu-se em S. Bento.
Preocupado com a amplifiação dos protestos no país, Sócrates viu aberta mais uma frente de contestação no Parlamento.
Anteontem, PCP e PSD consideraram “inaceitáveis” as “ameaças” feitas pelo ministro da Saúde e os sociais-democratas acusavam mesmo Correia de Campos de “promiscuidade” partidária por ter recebido o presidente da Câmara da Régua, acompanhado por um deputado socialista. E ontem o BE zurzia no plano, denunciando que este “aumenta as dificuldades de acesso dos cidadãos aos cuidados de saúde e diminui a qualidade do atendimento prestado às populações”. Com o perigo real de a situação ficar fora de controlo, Sócrates decidiu agir. Consciente de que o ataque político no Parlamento iria inevitavelmente recair sobre as mexidas na saúde, o primeiro- ministro joga na antecipação. Na próxima semana, haverá o habitual debate mensal com o Governo na AR e Sócrates quer desarmar ofensivas. O PSD já anunciou que a saúde será o tema forte da sua agenda política nos próximos tempos e aproveitará a presença do chefe do Governo para tentar fazer vingar os seus argumentos de que as políticas seguidas pelo Executivo socialista excluem os mais pobres. Nos restantes partidos da oposição, a contestação está também à espreita. Os protocolos que hoje deverão ser assinados são apenas uma parte da estratégia que visa provar que, ao contrário do que a oposição diz, a reestruturação dos serviços de urgência servirá para o reforço das condições de socorro e emergência às populações. Resta saber como é que Correia de Campos sobreviverá a mais esta barragem política, quando já há no PS quem reclame a sua substituição.
Com o país na rua a protestar contra o encerramento de urgências e a controversa prestação de Correia de Campos nas televisões, logo após as manifestações de Valença e de Chaves, quando acusou os autarcas de estarem a contribuir para o alarme popular, o sinal vermelho acendeu-se em S. Bento.
Preocupado com a amplifiação dos protestos no país, Sócrates viu aberta mais uma frente de contestação no Parlamento.
Anteontem, PCP e PSD consideraram “inaceitáveis” as “ameaças” feitas pelo ministro da Saúde e os sociais-democratas acusavam mesmo Correia de Campos de “promiscuidade” partidária por ter recebido o presidente da Câmara da Régua, acompanhado por um deputado socialista. E ontem o BE zurzia no plano, denunciando que este “aumenta as dificuldades de acesso dos cidadãos aos cuidados de saúde e diminui a qualidade do atendimento prestado às populações”. Com o perigo real de a situação ficar fora de controlo, Sócrates decidiu agir. Consciente de que o ataque político no Parlamento iria inevitavelmente recair sobre as mexidas na saúde, o primeiro- ministro joga na antecipação. Na próxima semana, haverá o habitual debate mensal com o Governo na AR e Sócrates quer desarmar ofensivas. O PSD já anunciou que a saúde será o tema forte da sua agenda política nos próximos tempos e aproveitará a presença do chefe do Governo para tentar fazer vingar os seus argumentos de que as políticas seguidas pelo Executivo socialista excluem os mais pobres. Nos restantes partidos da oposição, a contestação está também à espreita. Os protocolos que hoje deverão ser assinados são apenas uma parte da estratégia que visa provar que, ao contrário do que a oposição diz, a reestruturação dos serviços de urgência servirá para o reforço das condições de socorro e emergência às populações. Resta saber como é que Correia de Campos sobreviverá a mais esta barragem política, quando já há no PS quem reclame a sua substituição.
ºººººººººººººººººººº
O meu comentário:
OHoHoH
Sem comentários:
Enviar um comentário